terça-feira, 31 de agosto de 2010

Camille Saint Saëns



Camille Saint - Saëns, viveu de 1835 a 1921. Uma longa vida, portanto, de 86 anos - para a expectativa da época!  :-)))


Diz-se que ao morrer ainda tabalhava 24 horas por dia! Mas não há menção de que esta tenha sido a sua "causa mortis"  :-)))




A sua música é considerada espirituosa, melodiosa, divertida de tocar, e infalivelmente atraente.

Como geralmente acontece aos grandes gênios da música, aos cinco anos tocava sonatas de Beethoven,  aos sete tocou consertos e aos dez era reconhecido como um virtuose.


Ele foi um menino prodígio, e considerado o Mozart francês.

Foi um extraordinário organista, compositor de músicas para o teatro, regente e professor. Entre outras coisas, escreveu uma dúzia de óperas.


A propósito, o século dezenove produziu dois grandes organistas que acabaram se imortalizando como compositores: Cesar Franck e Saint - Saëns.


Eles iniciaram as suas carreiras tocando orgão e produzindo inúmeras obras sacras, tendo transportado para as suas obras, muito da sonoridade do instrumento e da acústica rica das igrejas e catedrais.


Sabe-se que Sains - Saëns tinha uma sólida formação filosófica, literária, humanista e destacava-se como compositor. Na realidade ele se interessava por tudo que lhe caia nas mãos. Estudou religião, latim, grego, matemática e ciências naturais.


Era amigo de Faure, d'Indy, Franck, Massenet e Lizst.



Foi um viajante obsessivo, e a Argélia foi um dos seus lugares preferidos. Por sinal, foi lá que ele morreu! Deu inúmeros consertos por toda a Europa, e até na América do Sul. Realizou sete consertos em São Petersburgo, na Rússia, patrocinados pela Cruz Vermelha.


Conheceu e até dançou com Tchaikovsky (?!) ao som de um improviso tocado pelo pianista Nikolai Rubinstein. Em 1906, realizou consertos na Filadélfia, em Chicago e em Washington.


Na Inglaterra, estreou a "Sinfonia número 3" que compôs por encomenda da Sociedade Filarmônica de  Londres, e compôs até uma marcha para a cerimônia de coroação do rei Eduardo VII, em 1902.


A "Sinfonia número 3", foi uma das suas maiores criações, a outra foi "O Carnaval dos Animais", ambas compostas no mesmo ano de 1886. Pois é! Tem anos que são assim!


"O Carnaval dos Animais", tornaria Saint - Saëns popular. Diz-se dela, tratar-se de uma "fantasia zoológica", de conteúdo satírico à música e músicos do seu tempo. Por esse motivo, ele não permitiu que viesse a público enquanto vivesse. Liberou contudo o belo trecho "O Cisne", naturalmente porque não ofendia ninguém. Pelo contrário! Fazia era muito bem ouvir.



Saint Saëns era um aglutinador. Costumava reunir em torno de si os artistas da época, e demonstrou em vida, que não era de sair por aí perdendo os amigos só para não perder a piada. 


A propósito, quem já compôs uma Sinfonia sabe, que é um trabalho muito árduo. Saint - Saëns, compôs a "Sinfonia Número 3" em Viena, e nas horas vagas, foi por puro lazer, que ele compunha "O Carnaval dos Animais". Uma peça composta para desopilar. Seria pertinente dizer que ele a compôs "en passant".


Os principais aspectos trágicos que lhe aconteceram na vida, começaram muito cedo. Aos 4 meses, morreu o seu pai, de tuberculose. O próprio bebê Saint Saëns, três meses depois foi diagnosticado ter contraido a mesma doença. Foi internado em um sanatório em Corbeil e lá permaneceu internado durante os em seus dois primeiros anos de vida. Quando voltou para casa, foi criado por sua mãe e uma tia, tendo começado a aprender piano aos 3 anos de idade. Portanto, a doença atrasou um pouco o seu início. :-)))


Casou aos 40 anos com uma bela pianista,  Marie- Laurie Truffot (vi a foto) de 19 anos. Tiveram dois filhos que morreram em 1877, no prazo de um semestre. Três anos depois o casal se separou. Continuando assim, não iria mesmo dar certo!


Outro grande golpe emocional por ele sofrido, aconteceria em 1888, com a morte da mãe.


De tanto ausentar-se do seu país, o seu prestígio por lá decaia, enquanto internacionalmente era considerado o maior compositor vivo francês.


Naturalmente deixou uma vasta obra musical. 


Os especialistas indicam além da "Sinfonia Número 3" e o "Carnaval dos Animais", os seguintes trabalhos curtos: Sansão e Dalila (Bacanal), Dança macabra, também da Ópera Sansão e Dalila, inspirada no tema "O sabá das bruxas", "Introduction e Rondo Capriccioso" para violino e orquestra. Entre os tabalhos mais longos: "Variações em um tema de Beethoven para dois pianos - The Cello Conserto Número 1" e o "Poema Sinfônico Le Rouet d'Omphale".


Em um balanço geral da sua vida, diz o Robert Minczuk: "...ele (Saint-Saëns) foi em vida um homem culto, profundo, feliz, que soube transformar em música sua própria alma".


Um pouco mais de concisão, e daria sem dúvida um bom epitáfio.


"O Cisne"  por Mischa Maisky:

Sobre Mischa Maisky:  http://en.wikipedia.org/wiki/Mischa_Maisky


O Carnaval dos Animais por Richard Hyung-Ki Joo, Julian Rachlin e Mischa Maisky, apresentado por Sir Roger Moore (Ex-James Bond): 


Sobre Richard_Hyung-ki_Joo:  http://en.wikipedia.org/wiki/Richard_Hyung-ki_Joo


Fontes: 
Crucial Classics - How to Enjoy the Best Music in the World - de Kenneth & Valerie McLeish  e  Grandes Compositores da Música Clássica - da Abril Coleções.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Debussy.

Debussy nasceu em 1862, e morreu de câncer em 25 de março de 1918, portanto aos 76 anos. Na ocasião, os alemães bombardeavam Paris no finalzinho da primeira guerra mundial.






Sua música marcou toda uma geração de grandes compositores franceses, como De Falla, Albéniz, Satie, Saint Saëns, Kodaly, Resphigi e Poulenc, entre outros.

Foi um grande pianista durante os 12 anos em que estudou no conservatório de Paris, embora nunca tenha ganho nenhum prêmio. Conta-se porém que o músico russo Igor Stravinsky fez sobre ele o seguinte comentário: "Deus! Como aquele homem tocava bem piano!"

Debussy só começou a compor, depois de ter completado 30 anos!

Suas bases musicais foram fundamentadas nas obras de Liszt e Chopin, mas não se tornaria um seguidor do romantismo.

Embora não aprovasse o rótulo de "Impressionista" para a sua música, Debussy é considerado um compositor de música impressionista. 

Debussy foi contemporâneo dos grandes pintores impressionistas Monet, Manet, Degas e Renoir.

Diz-se que a sua música encontrou ressonância nas suas pinturas, e na literatura de Boudelaire, Mallarmé e Paul Claudel. Sons que transformados em imagens, transmitem visões, e sentimentos.

Claire de lune, é sem dúvida um bom exemplo disso, pela magistral impressão sonora da luz do luar.

Debussy foi contemporâneo do celebrado compositor alemão Wagner, autor de obras monumentais, o qual exerceu uma enorme influência, sobretudo nos músicos da sua própria época. Debussy porém buscava uma música revolucionária, que rompesse com os conceitos da tonalidade e do academicismo da época, não tendo sido influenciado por ele.

Certa vez, o seu mestre Giraud depois de ouvir um encadeamento de acordes de Debussy ao piano, disse-lhe: "É bonito, não nego, mas é teoricamente absurdo." Debussy respondeu: "Não há teoria, basta ouvir. O prazer é a regra."

O timbre foi escolhido por Debussy como o parâmetro determinante da sua criação musical, tendo deixado de lado o primado da tonalidade.

A sua primeira obra prima foi Prélude à l'Après-Midi dun Faune (Prelúdio a tarde de um Fauno), em 1894. Escreveu-a baseado em um poema de Stéfane Mallarmé. É a imagem sonora de um Fauno adolescente (criatura mágica, metade garoto, metade cabra) descansando em uma árvore, em uma tarde de verão. Preguiçosamente ele observa as ninfas brincarem. Tenta sem entusiasmo alcançá-las, sonha sonhos eróticos e retorna para sua soneca.

A estréia desse poema sinfônico se deu em Paris, no dia 22 de dezembro de 1894, e alguns críticos consideraram a sua apresentação, como o marco inicial da música moderna.

Em 1909, "Prelúdio à tarde de um Fauno" tornou-se um dos mais polêmicos Balés do século, o qual projetou o bailarino Russo Nijinsky. Ele representou o fauno, em trajes em que aparecia quase que completamente nú. O Balé causou escândalo, mas a sua música foi reconhecida ser "sedutora, transgressora, mas muito, muito, muito agradável.

Há curiosidades que de certo modo ligam Debussy à música do nosso continente Sul Americano, e até à America.

Em 1910, a menina brasileira Guiomar Novais, aos 13 anos de idade, ganhou em Paris, o primeiro lugar em concurso para jovens talentos. Participaram da banca examinadora, o diretor do Conservatório de Paris Gabriel Fauré (também um famoso compositor) e Claude Debussy. 

Guiomar Novais, que tornou-se uma das grandes pianistas do século XX, foi intérprete preferencial da música de Fauré e Debussy.

Os nossos vizinhos argentinos, sentiram a influência de Debussy, na música de Astor Piazzola.

E quanto aos americanos? A influência musical de Debussy chegou até lá, através do jazz do seu pianista Bill Evans.

Debussy deixou além de muitas obras musicais importantes, muitos seguidores. Escolhi duas das suas obras para aqui proporcionar a sua escuta. Claro que o fiz pelo meu grau de preferência, entre aquilo que atualmente conheço do seu acervo.

Certamente os recursos proporcionados pela net, facilitam a todos que a ela tem acesso, encontrarem caso tenham interêsse, informações mais detalhadas sobre Debussy, e a sua obra.

Clair de lune, por David Oistrakh ao violino e Fridda Bauer ao piano, em gravação de 1962, em Paris:



"Prelúdio à tarde de um Fauno" representado por Nureyev (Originalmenente foi representado por Nijinsky):




Fontes: 
Crucial Classics - How to Enjoy the Best Music in the World - de Kenneth & Valerie McLeish  e  Grandes Compositores da Música Clássica - da Abril Coleções.

A música Clássica é mesmo como a Coca Cola!



Artur da Távola, foi Senador pelo PSDB do Rio de Janeiro de 1995 a 2003, e tinha uma grande paixão pela música. Aos domingos ele apresentava na TV Senado, o programa: "Quem tem medo de música clássica?", que por muitas vezes assisti.


Ele costumava dizer: "Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão".

Descobri muito depois, que o filósofo mineiro Rubem Alves, que atualmente reside em Campinas - SP, costumava assistir sempre! Tornou-se amigo pessoal do Artur da Távola, e comunicavam-se por e-mails.

Em um dos seus muitos livros, o Rubem Alves conta que certo dia enviou para o amigo um e-mail no qual comentava que: "a música clássica era como a Coca Cola".


Para justificar tão inusitada comparação, ele contou que no final da década de 20, a Coca Cola chegou a Portugal, e coube ao célebre poeta Português Fernando Pessoa, criar um slogan para ela.


Fernando Pessoa porém, ao provar a Coca Cola pela primeira vez, não gostou!


Provou a segunda vez, e também não gostou!


Provou pela terceira vez, e então gostou!


E criou assim, o seguinte slogan:
"Primeiro extranha-se, depois entranha-se."


É notório que o mesmo acontece com a chamada música clássica ou erudita.


A primeira música clássica que em mim se entranhou, veio de Franz Liszt. A rapsódia Húngara Número 2. Na época eu era MUITO criança, e certamente esta foi uma das minhas primeiras lembranças musicais. 


Você poderá ouvi-la aqui, na execução do pianista Croata Maksin Mrvica, e apreciar a beleza da música e a genialidade de Liszt.



Sobre Maksim Mrvica:
http://en.wikipedia.org/wiki/Maksim_Mrvica

Fontes: 
Crucial Classics - How to Enjoy the Best Music in the World - de Kenneth & Valerie McLeish  e  Grandes Compositores da Música Clássica - da Abril Coleções.